quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Lamentamos comunicar-lhe que seu mangá..."


            A ideia deste post veio deste texto de Umberto Eco (leiam, é fundamental ~ ou não ~ para entender a postagem). Nesse caso, o editor trabalha em uma empresa de médio porte e faz o seu trabalho, julgando as obras que lhe foram enviadas para analisar e escolher se têm ou não potencial para serem publicadas. Vejamos o que ele achou dos mangás que ele analisou:

Parece o Seu Barriga, mas é um dos maiores filósofos vivo.



            MITSURU ADACHI

            ADVENTURE BOYS


            Imagino como deve ser difícil para um mangaká como você, com vários trabalhos já publicados em outras editoras receber uma negativa. Mas é a dura realidade. Reconheço o talento que você apresenta para desenhar, mostrando um traço marcante e bem característico, algo que é raro de ver hoje em dia. Mas me explique: porque diabos resolveu fazer um mangá assim? Sua fama foi construída com mangás de esportes como Touch, H2 e Nine, então porque fazer um mangá adulto? E não contesto a qualidade de Adventure Boys, muito pelo contrário, admiro a preciosidade que é este mangá, gostei muito da forma com que dividiu as histórias em pequenas crônicas e da sutileza usada nos diálogos e no desenvolvimento dos personagens e da história. Confesso que me emocionei no capítulo “A escada do tempo”, que demonstra o ponto forte do mangá: a redenção dos personagens após o envelhecimento. Porém, esta é uma série que não deverá vender e acabará se tornando esquecida na sua enorme lista de séries já publicadas. Olha, não sou de fazer isso, mas porque você não tenta publicá-lo na Big Comic Original? Soube que eles andam a procura de um mangá curto como este seu. Quando tiver um trabalho novo e mais tradicional, nos mande.


            UMINO CHIKA

            MARCH COMES LIKE A LION


            Não imaginava ver o nome de Umino Ichika aqui. Quando vi que você mandou um mangá para uma editora de médio porte como a nossa pensei: “Deus existe!!!”. Mas, com todo o respeito, você me decepcionou. Honey & Clover foi um mangá sensacional, além da sua participação em Higashi no Éden e o mangá Spica. Sim, sou seu fã. Porém, esse seu novo trabalho não me convenceu. E não me entenda mal, me refiro apenas à história. O seu traço tem melhorado cada vez mais e me arrisco a dizer que é um dos melhores da atualidade, talvez sendo inferior apenas ao de Inio Asano. Entretanto, você mesmo deve saber que esse é um daqueles mangás que ninguém compra, afinal é lento e não tem nenhum clima de suspense e emoção. O leitor terminará de ler um capítulo e logo se esquecerá do que leu, pois não tem nenhuma cena marcante ou algo assim. É claro que alguma editora corajosa aceitará seu trabalho, e é bem provável que ele seja vencedor de premiações importantes no Japão. Mas no momento nos não queremos uma série assim, somos capitalistas e precisamos agradar ao público, não aos críticos.


            ODA EIICHIRO

            ONE PIECE


            Irei transcrever um artigo de Monteiro Lobato sobre a primeira exposição de Anita Malfatti, em 1914:

            “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em conseqüência disso fazem arte pura, guardando os eternos rirmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos de cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.”

            O texto de Monteiro Lobato cabe muito bem sobre a sua obra. One Piece vê anormalmente a natureza, enquadra os personagens de maneira quase grosseira e mantém um dos traços mais bisonhos que já vi em um mangá. Não aceitamos. Ninguém vai aceitar. Logo, senhor Oda, modifique seu desenho e seu modo distorcido de criar uma história, pois se depender de obras como esta, morrerá de fome.


            HIRO MASHIMA

            FAIRY TAIL


            Confesso que já não era fã do seu trabalho, e você não me decepcionou com Fairy Tail. Mais um mangá ruim. E sabe, até que tem uns pontos positivos, como a linearidade da história e as cenas de ação, mas isso é insignificante quando analisados os personagens e as perspectivas de futuro. É legal colocar uns peitos grandes, o povo adora isso. Mas é um pouco exagerado deixar todos os personagens femininos com os seios avantajados. TODOS. Ecchi é shounen é uma combinação perigosa que, quando mal feita, ajuda a afundar um mangá. O protagonista Natsu é legal, mas e o resto? Aparentemente Lucy vai conquistar todas as chaves celestiais e se tornará apenas um estorvo na história. E quanto ao Gray? O passado dele é legal, os golpes são legais, mas e aquela mania de tirar a roupa? Sério mesmo que você acha engraçado? Roupa é algo importante em um mangá para jovens, afinal o mercado de cosplay ajuda muito a divulgar o nome do mangá e, principalmente, o da editora. Alguém vai fazer cosplay de um personagem que só usa calças? Sinceramente, este parece mais uma cópia de um outro mangá que chegou aqui, um tal de One Piece. A diferença é que Fairy Tail não é bizarro como o mangá do senhor Oda, o que o torna mais do mesmo.


            ISE KATSURA/YOKOTA TAKUMA

            ONANI MASTER KUROSAWA



            Li a sinopse: “Garoto que se masturba no banheiro feminino é descoberto e começa a ser chantageado por uma colega de classe”. Pensei: “Uhull, vai ter peitos, piadas pervertidas e vai vender mais que maconha na classe média. Um mangá perfeito comercialmente”. Li o mangá. Pensei: “É legal, mas não vai fazer sucesso nem com reza. Garotos querem peitos, não uma discussão filosófica sobre redenção, parafilías e amor na juventude.” Tente em outra editora

Possivelmente baseado em fatos reais


            AKIRA TORIYAMA

            DRAGON BALL


            Uma história onde o protagonista é tem um rabo de macaco (e que aparentemente se torna um macaco como estágio máximo de força), um dragão que realiza qualquer desejo, esferas estreladas, viagens interplanetárias, telecinése, tele transporte, nuvens que são usadas como automóveis e personagens surreais. Ta aí o cara que deve ter inspirado o tal Eiichiro Oda a fazer mangá. Caro Toriyama, caso essa sua ode a escrotidão seja lançada em alguma revista e se tornar um sucesso, eu peço demissão e passo a vender pipoca e algodão doce na praça.


           Preciso dizer o fim do editor?

3 comentários:

  1. "One Piece vê anormalmente a natureza, enquadra os personagens de maneira quase grosseira e mantém um dos traços mais bisonhos que já vi em um mangá. Não aceitamos. Ninguém vai aceitar. Logo, senhor Oda, modifique seu desenho e seu modo distorcido de criar uma história, pois se depender de obras como esta, morrerá de fome".

    Ri horrores dessa parte LoL. Achei alguém que também não se convenceu!

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    1. Bem que essa ideia poderia rolar na blogosfera como uma espécie de meme. Farei isso no meu blog.Só com animês,claro.

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    2. rs, se fizer me avise para eu dar uma conferida, ficaria legal um com animes. Valeu pelos comentários!

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