Acho que
não deve ser muito difícil escrever um romance. Um mocinho bonito e puro e uma
mocinha ingênua lutando contra tudo e todos para terminarem juntos e viverem
felizes para sempre. Não tem erro, é simples. Mas se o gênero ficasse preso
nisso seria improdutivo e passageiro, então sempre surgem histórias diferentes,
de lugares diferentes, falando sobre situações diferentes, com personagens
diferentes. Our Happy Times é diferente. Não é todo dia que nós vemos uma
história sobre um romance entre uma suicida e um presidiário no corredor da
morte. Daria uma boa comédia, mas consegue ser ainda melhor como romance
dramático. Watashitachi no Shiawase no Jikan é um mangá de Yumeka Sumomo
(desenhista de My Girl e Voices of a Distant Star) lançado em 2007 baseado na
novela best-seller coreana Our HappyTimes, de Gong Ji-Young. O mangá conta com
oito capítulos compilados em um volume, anteriormente lançados na revista Comic
Bunch. Em 2006 foi lançada uma adaptação coreana live-action para o cinema.
Sinopse
Então, é
basicamente um romance. Conta a história de Mutou Juri, mulher rica e dona de
imenso talento para tocar piano, mas que por vários motivos familiares tenta
cometer suicídio por três vezes. Na última ela é convidada por sua tia, Irmã
Mônica, a acompanhá-la num programa beneficente onde as freiras acompanham presidiários
no corredor da morte. Lá Juri encontra Yuu, culpado de ter assassinado duas
pessoas e com poucos dias de vida para ver. A história vai desenvolvendo com a
troca de experiências entre os dois, além de ir apresentando bons tópicos com
relação à pena de morte. Tudo isso com um traço simples e que valoriza muito a
expressão dos personagens.
Desenvolvimento, Conclusão e Spoilers
Antes de começar
a analisar o mangá, vamos antecipar algumas coisas. Eu considero Our Happy
Times o melhor mangá já feito, pela abordagem calma e sem perder a sensação de
desespero dos personagens. Uma que luta por um motivo de vida e outro que
espera desesperadamente a sua morte. E é nisso que o personagem Yuu é
sensacional. Após uma primeira aparição conturbada ele, que era a pessoa a ser
ajudada, passa a ajudar Juri a se livrar dos seus traumas. Por sinal, a interdependência
entre os personagens é algo incrível. Os dois desesperados, confortando suas
vidas medíocres e sem perspectivas. É algo maravilhoso de analisar a forma com
que os poucos momentos que os dois passam juntos fortalecem as personalidades e
a forma com que eles encaram a vida, principalmente Juri, que no final perdoa a
sua mãe por tudo que havia acontecido na sua infância para que assim ele se
libertasse desta profunda mágoa e que pudesse começar a viver. Já Yuu, se
liberta de seus traumas e tristezas, aproveitando os poucos dias que tem de
vida com tudo que pode e com toda a força de seu coração.
Mas o mangá
vai um pouco além da história dos protagonistas. Discute o preconceito que os sentenciados
a cadeira elétrica sofrem com a sociedade e nos mostra um lado negativo de tal
sanção (ainda que não tenha um posicionamento claro do autor em relação ao tema).
Além disso mostra de maneira interessante a opinião de alguns personagens em
relação aos voluntariados, principalmente com o clero de forma geral. Outro
ponto genial (talvez a coisa mais bela no mangá) são os diálogos. É uma fábrica
de frases belas e emocionantes, discutindo de forma sempre sensata e clara os
assuntos, usando as expressões dos personagens para salientar e tornar tudo
mais verossímil.
Concluindo,
LEIAM WATASHITACHI NO SHIAWASE NA JINKAN!!! É uma obra que irá tirar lágrimas
até dos mais insensíveis, um dos poucos mangás que podem ser considerados arte
de verdade. Afinal, Our Happy Times é um romance diferente.
Como dise antes, o mangá apresente diálogos tocantes, mas o melhor deles não envolve nenhum protagonista:
Tem a cena do piano também, mas eu sou hipster. Créditos: OtakuYo Scans
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