domingo, 21 de outubro de 2012

Os melhores curtas de animação que você deveria ver - 3

            Yo! Hoje nós teremos mais um post com curtas, porém, desta vez com uma temática diferente. A seleção de curtas de hoje traz apenas animações japonesas, com apenas dois diretores. Quatro curtas de um dos melhores animadores dos últimos anos, Koji Yamamura, homem que já disputou o Oscar de melhor curta animado em 2002 (abaixo o concorrente) e vencedor de vários outros festivais importantes no mundo todo. Seus trabalhos já passaram por várias fases, já animou em stop-motion e tem se dedicado, atualmente, na animação tradicional. Tem apenas uma série na carreira, chamada Pacusi. Esta série tinha 1 minuto de duração, tendo alcançado 18 episódios na TV. Quanto ao outro diretor que mostrarei hoje, é um pouco conhecido no mercado japonês e que pouco acrescentou a animação mundial, um certo de Osamu Tezuka... Seria perda de tempo citar todos os prêmios de Tezuka, ou então todos os trabalhos que comandou tanto em animações como em mangá, alcançando o título (por vezes exagerado, concordemos) de Deus do Mangá. Tezuka hoje empresta seu nome à maior parte das premiações no Japão, além ter influenciado e revolucionado a história da banda desenhada e da animação no mundo todo. Poderia colocar mais curtas que os que aqui aparecem, mas é um negócio infernal achar vídeos no Youtube. E por fim, hoje vou postar um vídeo independente que chegou até mim graças ao Régis, o maluco que administrava o Otaku Shinji/Prinny Soul. Então, a partir de agora estarei aceitando sugestões de vídeos, logo, se alguém vir um curta ainda não postado que possa ser interessante, mande para mim (comentários ou twitter) que eu posto na seção. Então confiram agora o especial japonês com os melhores curtas de Yamamura e Tezuka.

            P.S: Como disse, achar vídeos é complicado, então a maioria dos curtas que vocês estão em inglês

Shizuku

            Shizuku é um dos vários OVA’s que Osamu Tezuka lançou na década de 60. Este se destaca pela forma com que o diretor se aproxima da animação americana, fazendo uma evidente paródia/homenagem as animações da Disney. No ambiente em que foi construído, pode não ter muita relevância, mas é um filme de valor incalculável para a história da arte, pois temos um dos maiores ícones da animação homenageando o estúdio mais importante de todos os tempos. A história é simples, mas é bem divertido acompanhar a luta do protagonista para poder obter as suas três queridas (e necessárias) gotas de água. Detalhe para o final, incompreensível.

                           


Osu

            Uma história simples, com diálogos bem montados e, mais uma vez, um final imprevisível. Osu não tem uma animação rebuscada, muito pelo contrário: na maior parte do tempo o cenário é preto e apenas os olhos dos personagens são vistos, sendo ainda que quando aparecem os personagens, nada de excepcional acontece. Mostra um gato discutindo com seu dono sobre alguma coisa não evidente, onde o felino discute um pouco a relação de homens e mulheres. Com já disse, um final surpreendente e que não leva o telespectador a lugar nenhum.

                          

P.S: Li no Malkav Animes que o filme é uma paródia do clássico da literatura japonesa I am a Cat (que por sinal eu quero muito ler).


Mermaid

             Mermaid, como é o nome da obra em inglês, é um curta de Tezuka lançado em 1964, tratando da história de um jovem que é disperso e se encanta com qualquer coisa, como ficar admirando os peixes no mar. Num desses dias de ócio, ele encontra uma sereia, pela qual se apaixona e leva para casa. E nisto a história vai correndo e abrindo espaços para as mais variadas interpretações. Interessante comparar com o conto O Alienista, de Machado de Assis, que também trata do tema loucura e a maneira individual com que as pessoas a enxergam. Mas em Mermaid a abordagem é menos pesada, usando mais o campo da imaginação dos personagens. A temática de Mermaid por sinal é bem semelhante à de outro curto visto aqui, “The Lost Thing”, da primeira lista.

                            

Jumping

            Um dos mais interessantes, talvez o melhor do Tezuka. Mostra a visão de algo que pula (“algo” porque não é possível afirmar se é um animal ou objeto) e vai passando pelos mais diversos lugares, desde cenas cotidianas até uma guerra, passando ­(e terminando) pela bomba de Hiroshima e reiniciando o ciclo de pulos (detalhe que, após ser atingido pela bomba, o personagem faz uma visitinha no inferno). A animação é interessantíssima, afinal não é muito fácil animar aquelas cenas em diferentes ângulos. Por sinal, seria interessante uma versão moderna, pena ser impossível.

                            

             De brinde um clipe inspirado no curta:

                



Man and Whale

            O primeiro do Yamamura é o mais curtinho, e um dos mais bonitos que mostrei até hoje. Feito especialmente para o Greenpeace, Man and Whale mostra de forma muito simpática a tentativa de um homem, diretor de uma escola, em salvar uma baleia, como forma de retribuir a alimentação que o animal já havia lhe proporcionado. A mensagem é bem atual e a última frase, “They saved us, its our turn now” é sensacional. Vale a pena conferir o vídeo:

                          

The Old Crocodile

            Sabe aquele filme que você não entende? Então... Normalmente curtas como estes tem uma mensagem especial, mas não consegui achar nada assim em The Old Crocodile. Tipo, parece que tem algo, mas não dá pra saber exatamente o que é que o diretor quer mostrar. Pesquisei nos mais variados sites para descobrir as opiniões alheias sobre o anime, e aparentemente nenhum chega a uma conclusão óbvia. Alguns dizem sobre ingratidão e outros sobre como a ignorância dos humanos, mas para mim é apenas uma sátira as fábulas, mostrando que nem sempre uma precisa mesmo de “moral”. Mas porque um curta com ideia tão vaga está aqui? Pela animação e pelas belas cores, usando um fundo laranja e apenas a cor preta nos personagens. Animação muito bonita e uma história duvidosa, um curta bem interessante. E claro, se alguém entender isso, comentem e me expliquem...

                

Atama Yama

            Atama Yama simplesmente foi indicado ao Oscar de 2003 e ganhou os mais variados prêmios na Europa e na Ásia. Sabem aquelas piadas que ninguém entende ou não acha graça de Joshiraku? Aquelas apresentações em que meia dúzia de gatos pingados aplaudem? Então, Atama Ayama é baseada em uma dessas; o texto original é um “Rakugo”. O roteiro é do mesmo roteirista de Death Note e Berserk, Shoji Yonemura, mostrando um homem avarento que faz de tudo para não desperdiçar coisas que ele ainda pode usar, como comidas, pasta de dentes e várias outras coisas. Um dos detalhes mais legais é a narração da história, cantada no mesmo ritmo que a trilha sonora (ritmada por um shamisen), típica do teatro clássico japonês. Único problema é que para você ver a obra terá que clicar aqui, pois todos os vídeos estão com restrições de compartilhamento.

            Uma análise melhor dessa obra? Aqui: Animehaus


Inaka Asha

            Mais um que concorreu ao Oscar e o melhor de Yamamura. Uma representação perfeitamente exagerada da sempre sensacional obra de Franz Kafka, afinal é dele o texto original, “Um médico rural”. Os desenhos tortos e as distorções no corpo e no ambiente (repare sobre como as árvores tem galhos e caules contorcidos) apresentam uma visão muito próxima daquilo que Kafka visualizava quando escrevia, isso sem perder o poder de narração. O menos “curta” que mostrei desde que comecei a seção, mas um dos poucos verdadeiramente artístico.

                

Vídeo Bônus:

                

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